domingo, 16 de agosto de 2009
Meu Presente
Chega como uma surpresa, não muito surpreendente, em uma semana de carnaval... Dessas que trazem de volta, numa sexta-feira, a alegria perdida na quarta. Chega e causa surpresa aos demais. Espanto, agrado e por vezes, indignação. Chega e te leva à sua apreciação pelo fato, único e simples, de chegar. No início, te tira as noites de sono... Te arranha e mordisca os dedos dos pés. E joga areia no chão da casa. E te mostra o quão bem te faz ter algo para cuidar, para se cuidar. E te preocupa, e te faz preocupar-se. Chega, fica e simboliza. E significa. Depois cresce, muda e faz estrago. E continua crescendo. E te acorda no meio de uma noite fria com saltos sobre a cama. E invade o quarto pela janela. E se joga, e te faz jogar. E continua fazendo estrago. E por vezes, ainda te arranha e mordisca os dedos dos pés. E impressiona, pelo fato de chegar, ficar e crescer. E te faz jogar coisas ao ar. E te faz correr atrás. E te faz correr na frente. E acaricia, e te faz acariciar. Chega, fica, conquista. E continua crescendo. Até que um dia adoece. E fica triste. E se isola, em um canto impossível de achar. Mas volta, mesmo fraco, sempre volta. E te faz cuidar, e te faz ser cuidado. E te faz preocupar-se e ainda, te tira as noites de sono. E volta. E voltam os saltos sobre a cama, a invasão pela janela e as noites de frio. E se equilibra em fios finos, e se joga do telhado, e reconhece e se reconhece. E te faz conhecer. E sobe em árvores, dessas que nascem de raízes acimentadas. E se esfrega. E continua crescendo. Chega, fica, simboliza, cresce, representa, apresenta, cresce, chega, fica, conquista, sai, chega, volta, fica, pula, cresce... Até que um dia se joga, do telhado, e sai, caminhando. E não volta mais. E parece voltar, a todo instante, mas não volta mais. Mas parece voltar. Mas dessa vez, não chega. E não volta mais. Mas fica. Só não volta mais.
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